Relatos de uma doente rabugenta...

 

Quando se fala em intercâmbio, Europa e passar um ano fora é quase impossível pensar que existem pontos negativos... Eu sei porque eu mesma pensava assim até sentir os primeiros problemas! E o principal conselho que lhe dou é: Não fique doente!

Fevereiro está sendo um mês que sinceramente já poderia ter acabado! Mas calma que vou explicar o porque deste post.

Primeiro, como vocês já sabem eu divido meu apartamento com mais 4 meninas, e nestes 6 meses que estamos aqui todas nós nos tornamos ótimas amigas, e acima de tudo boas colegas de convivência... Porém, o intercâmbio delas é o europeu, chamado ERASMUS que dura apenas 6 meses, então todas estão indo embora, algumas já foram, e as duas que restam aqui comigo retornam para suas casas essa semana, e ai eu fico sozinha aqui por alguns dias e já chegam moradoras novas... Mas é estranho dizer adeus para essas meninas, afinal a cada abraço de despedida que damos umas nas outras, temos aquela certeza secreta de que não vamos nos ver novamente, é uma despedida pra valer.

 

Aquele vazio na mesa do café da manhã

E ainda como se não bastasse ver a casa se esvaziando aos poucos e deixando a cada comodo uma sensação forte de solidão, eu fiquei doente, e dessa vez não foi como o resfriado passado que você pode ler aqui. Foi doente pra valer caros leitores, de chegar no hospital com 39,7 de febre depois de uma noite onde tenho certeza que passei dos 40 devido aos pulos que eu dava na cama em resultado da febre... E tudo isso eu estava sozinha em casa e claro que sem termômetro ou remédio!

As coisas começaram semana passada, sabe quando você sente os sintomas, mas nega pra si mesma? Tipo "olha aqui sistema imunológico não vai me aprontar nada!" E assim fui ignorando os sinais que começavam, até que não teve mais jeito e cai de cama e tive uma noite assustadora, onde eu não conseguia nem pegar o celular pra gritar digitar socorro pra primeira pessoa que estivesse online no meu whatsapp... Quando o sol raiou, foi hora de entrar em contato com o seguro, e ai veio a decepção: Eles que eram pra ter me mandado alguém em casa disseram que lamentavam muito mas não tinham médico que atendesse a domicilio e eu deveria esperar até o dia seguinte para receber o nome de uma possível clinica onde eu possivelmente poderia ser atendida sem pagar nada, e vamos repetir: isso seria no outro dia! Sendo que eu estava com uma temperatura que não baixava dos 39! Minha vontade era falar pra mocinha do outro lado da linha "escuta aqui minha filha, não sei se aguento até amanha ok?!" Mas contive minha indignação e apenas suspirei e comecei a pensar em onde eu podia arranjar um médico e pra ontem!!

 

Como assim paguei um seguro saúde e não tenho médico?

Até que a minha amiga Luciana (Lu obrigada por ter ficado comigo o tempo inteiro) foi ao meu socorro, entramos em um  táxi e nos preparamos para encarar os corredores do hospital da cidade!
Chegando lá quem disse que eu entendia o que as enfermeiras me falavam? Mal conseguia falar que eu era brasileira, e  precisava de um médico, um antitérmico e um balde pra não vomitar naquela sala de espera!
Me passaram pela triagem que tem em todas as partes do mundo, me jogaram em um banco e espera minha querida que tu não é a única doente deste lugar!

 

Melhor definição de como eu estava na sala de espera!

Quando finalmente ouvi o médico me chamar achei que meus problemas estavam resolvidos... Até ele quase ter a ideia infeliz de querer me mandar pra casa sem ser medicada nem nada, apenas na boa fé de que era uma virose e que em 4 ou 5 dias eu deveria estar nova... Comecei a entrar em pânico!

 

Minha cara ao ouvir "é só uma virose não posso fazer nada!"

Já ia suplicar por alguma atitude, até que ele tocou em mim!
A cara daquele homem quando tocou nas minhas costas foi apavorante, ele olhou pro enfermeiro e falou "Remédio na veia agora!"
Ufaa já sabia que eu não voltaria pra casa sem remédios!
Ai ocorreu tudo aquilo que vocês podem imaginar, soro, remédio, agulhas me perfurando, rx e exames de sangue... Ah e horas lá dentro!
Não voltei pra residência universitária, e sim fui para a casa das minhas amigas que também estão aqui pelo CSF... E tive os melhores cuidados ala brasileira que se pode querer! Obrigada meninas (Ingrid e Valéria) e meninos também (André e Fernando)!
Hoje a febre já foi embora, mas a fraqueza no corpo continua...
E é importante destacar que em meio a tudo isso meus pais estavam desesperados ai no Brasil, nos falamos o tempo inteiro por whatsapp, e quando digo o tempo inteiro não estou exagerando! Enquanto o médico falava eu já ia digitando o que estava acontecendo, e também logo que comecei a ficar doente, ia dormir com o Skype ligado, assim eu ainda tinha os cuidados de mãe, pai e mano mesmo que de longe!
E devido a essas idas ao hospital não consegui me despedir da Monica, minha amiga que dividia o quarto comigo (falo dela nest post aqui) Ela voltou para a Espanha a e não pude lhe dizer adeus!
Sabe o que é mais complicado nisso tudo? A saudade de casa e perceber o quanto nosso país é bom!
Não existe outro lugar no mundo que tenha nosso calor humano, nossa solidariedade com o próximo, essa coisa de ajudar na hora do aperto, isso só quando estamos longe aprendemos a dar valor!
Fechei 6 meses de intercâmbio em meio a isso tudo, e olha meus jovenzinhos, vamos parar com a palhaçada e voltar pro Brasil?!
Você percebe que cresceu quando o médico pergunta o que você tem, ai tu olha pra cadeira ao lado e cadê tua mãe pra descrever para ele teus sintomas? família saudades

 

Eu preciso de um abraço

Bom gente o post de hoje é meio rabugento e cheio de melancolia, mas me deem um desconto... Estou fraca! HAHA

 

Beijos, da garota que está na Itália...