Oi Brasil!
Aqui estou eu, no inverno que nem começou ainda, porém já congelando, as portas de completar 4 meses de Itália! Então vim fazer este post para celebrar mais um mês concluído, e dar as boas vindas ao próximo que se inicia.
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E já se passaram 4 meses desde o embarque... |
Quando embarquei para meu intercâmbio tinha consciência das mudanças que essa fase faria em mim, mas sempre achei isso um tanto quanto fantasioso, talvez até aprendesse alguma coisa ali ou outra aqui, mas nada que ficaria evidente aos meus olhos... Mas hoje percebo que esta viagem já fez transformações em mim, não apenas ao fato de ter mudado de país, mas também devido a morar sozinha, e ter que lidar com situações do dia-a-dia que antes não existiam na minha rotina (como um mercado lotado no domingo pela manhã). Estar a tanto tempo em Siena fez com que eu aprendesse a cuidar de mim (algumas vezes
sempre pedindo socorro por whatsapp para a mãe) desde coisas simples como fazer compras ou cozinhar (vamos abrir esse parênteses para o verbo cozinhar... Já falei aqui no blog,
a grande implicância que eu tinha com o fogão, a única coisa que me importava na cozinha era a geladeira onde podia abrir e tudo já estava pronto, mas aqui quando a fome aperta e você simplesmente não aguenta mais comida congelada, o forno se mostra seu melhor amigo, então ao longo das semanas fui perdendo a resistência com os utensílios culinários, por isso hoje posso lhes dizer com total segurança que a hora do almoço e do jantar são minhas preferidas, não só pelo fato óbvio de comer, mas por poder cozinhar, é relaxante, faz esquecer do mundo a cada mexida no molho que ferve na panela, agora fechamos o parênteses) até coisas mais complexas que exigem total concentração como por exemplo, faxinar o quarto, não duvide do grau de dificuldade da limpeza, pois quando se tem rinite você não pode deixar uma mísera poeirinha para trás.

O tempo para os estudos também acaba sendo maior aqui na bota da Europa, se antes dedicava um número X de horas para determinada disciplina, agora deve ser o triplo... Ocorre mais ou menos assim, na aula que acontece em italiano (ressalto o italiano porque muitas pessoas aqui tem aula em inglês) ali estou feliz e faceira prestando atenção nas palavras que voam muito rapidamente da boca do professor, a mão precisa acompanhar o cérebro, mas este ainda não consegue traduzir tudo em tempo real, portanto o que acontece com o meu caderno? Ele vira um verdadeiro poliglota! As frases começam em italiano, geralmente as primeiras, e terminam em português, claro alguns tópicos em inglês devido aos termos técnicos... O que a pessoa faz quando vai estudar? Antes de qualquer coisa preciso traduzir para um único idioma toda essa gambiarra que eu mesma fiz no coitado do meu caderno, e lá vou eu ouvir o áudio da aula para deixar tudo em italiano (como as provas daqui são orais, preciso saber tudo no idioma local, pois terei que responder assim) com isso, uma aula que tinha 3 horas de duração, torna-se 5 devido as inúmeras pausas que preciso dar.

Mas não é só de dona de casa e nerd que minha vida é feita meus jovens! Turismo também é um dos meus hobbies preferidos. Sabe o que mais gosto de fazer quando conheço uma cidade nova, além de fotografar cada cantinho? É observar quem mora ali... Quase todas as cidades da Itália são abarrotadas por turistas, os habitantes locais acabam sendo aqueles indivíduos que passam despercebidos pelas praças, ou que ficam registrados no fundo das fotos, são aquelas pessoas que compõe o cenário... Torna-se fácil identifica-los porque geralmente eles são os únicos que não estão com máquinas fotográficas penduradas no pescoço, é aquela senhora que atravessa a rua com a sacola do mercado, aquele menino que corre com a bola embaixo do braço ou aquele senhor sentado na Piazza comendo seu sorvete mesmo que esteja fazendo 6 graus com sensação térmica de -3º. Outra forma de reconhecê-los é que essas pessoas não costumam olhar seus relógios, elas não tem pressa, não precisam ver todas as obras de arte que a cidade oferece, afinal eles moram ali, tem a vida toda para apreciar cada detalhe das suas ruas...
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Bilhetes de trem... |
Assim, completando 4 meses de relacionamento sério com a Toscana, descobri a coisa que mais gosto de fazer, aquilo que aquece o coração... Escrever, um verbo para chamar de meu! Logo que cheguei, ainda em agosto, entrei em uma lojinha que vende só coisas de carta, e quando falo carta é daquelas antigas, por exemplo, nessa loja por 25 euros você pode adquirir um anel que comece com a inicial do seu nome, então basta comprar a cera para poder selar as cartas de uma forma personalizada... Tem também penas, tinteiros...
Entrar nesse simpático local é uma viagem no tempo! Mas voltando ao foco, na primeira vez que estive lá comprei um caderno, daqueles que bati o olho e disse: "Fomos feitos um para o outro!" Desde então ele está na minha mochila por onde quer que eu vá, esqueço o casaco ou a sombrinha, mas não esqueço o caderno e a caneta! Em 4 meses perdi a conta de quantas vezes sentei em praças de Siena para escrever, a cada nova viagem é sagrado escolher um lugar na cidade e parar para detalhar em palavras tudo que estou vendo. Hoje, jogar meus sentimentos e visões em uma folha de papel é muito mais que algo prazeroso, é uma necessidade, ir a um lugar e não fazer isso é como se não tivesse passado por lá.
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Meu companheiro de viagens... |
Vivi aqui coisas que nem conseguia imaginar como seria, a menina que nunca tinha andado de trem, veja só, andou em um que vai a nada mais nada menos que 300 km por hora! Ou a simples tranquilidade de poder voltar para casa independente da hora, sem estar naquele constante estado de alerta, cuidando quem está do mesmo lado da calçada que você, com medo que algo de ruim possa acontecer a qualquer momento...
Nesses mais de 90 dias amadureci aos poucos, fui tomando consciência das coisas que gosto e que não gosto, aprendi a lidar comigo mesma, assim como também senti na pele o que é aquela saudade tão bonita nos poemas, mas que só entre os versos se faz bela, pois na vida real ela machuca... Cresci e estou crescendo, não vou dizer que hoje sou a "senhora seriedade" até porque estou fora de perder meu senso de humor, mas sabe de uma coisa? Tudo o que falam de intercâmbio é verdade! Ele te transforma, te faz ver tudo de uma forma diferente, se em quatro meses já vivenciei tanta coisa, só posso dizer que mal posso esperar por tudo que ainda vou viver, então que venham mais 8!
Beijos, da garota que está na Itália!